Os cabelos, a beleza e a saúde

Ao longo da história, juntamente com a moda, os detalhes como a cor, o estilo de penteado e o comprimento dos cabelos sempre serviram como expressão de uma cultura, um estado de espírito de um grupo ou de uma sociedade.

Os estilos de corte e os diferentes comprimentos foram utilizados em épocas distintas para marcar as diferenças de poder, hierarquia e sexo que existiam entre os indivíduos de uma sociedade.

Só para citar um exemplo, o uso de cabelos longos pelos homens já foi uma expressão tanto de rebeldia como de religiosidade, ou até mesmo de adoção de um modo mais natural de vida.

É, portanto compreensível que qualquer piora na aparência dos fios ou mesmo uma diminuição na quantidade dos mesmos, possa abalar seriamente o emocional e a auto-estima das pessoas.

Como ter e manter os cabelos bonitos e saudáveis? O que fazer quando começam a cair, rarear e piorar a qualidade dos fios? Podemos evitar a queda? Ela não é geneticamente determinada?

Essas perguntas tão freqüentes, vão encontrar várias respostas diferentes, já que como a nossa pele, os nossos cabelos são um reflexo direto do meio ambiente e de nossas condições de saúde.

A poluição, o excesso de química muitas vezes sem os devidos cuidados e o calor excessivo dos secadores e pranchas de alisamento são alguns dos fatores que afetam não apenas as condições da cutícula que protege o fio contra a perda de umidade, mas também que alteram e danificam as estruturas que unem as fibras de proteína para formar o fio de cabelo. Os resultados são fios fracos, quebradiços, pontas duplas e falta de brilho.

A nossa alimentação também tem um papel fundamental na saúde capilar. As fibras do cabelo são formadas essencialmente por proteínas, que, por sua vez, são formadas a partir dos aminoácidos.

Alguns aminoácidos, os chamados “aminoácidos essenciais”, que são necessários para a manutenção e reconstrução dos tecidos de nosso corpo, são supridos unicamente através da alimentação.

As vitaminas e minerais tais como zinco, cálcio e magnésio, só para citar alguns, são também importantíssimas na formação das fibras do cabelo. Assim, dietas pobres em vitaminas e minerais, ou que não supram os aminoácidos necessários para a formação de proteína, podem resultar em fios mais fracos e quebradiços, ou mesmo queda capilar.

Alterações hormonais provocadas por distúrbios nas glândulas endócrinas como, por exemplo, hipo ou hipertireoidismo, podem ocasionar perdas difusas de cabelo. anemias, deficiências de ferro no organismo ou mesmo a utilização prolongada de alguns medicamentos também podem explicar quedas generalizadas ou mesmo alterações na cor dos cabelos.

Alergias do couro cabeludo, bem como inflamações, eventualmente causadas por excesso de produção sebácea ou doenças auto-imunes, podem também resultar em perda de cabelo.

As predisposições genéticas são extremamente relevantes. Mais de 95% dos casos de calvície no sexo masculino tem sua raiz nos fatores genéticos.

A hereditariedade também é representativa nas quedas de cabelo na mulher, além, é claro, das alterações hormonais que ocorrem durante o processo da menopausa. Esse tipo de calvície é caracterizado por um afinamento progressivo dos fios.

Por fim, não poderíamos deixar de citar o estresse como um dos grandes vilões.

Como podemos ver, existem várias possíveis respostas para explicar as possíveis causas de diferentes problemas capilares. Por esta razão é importante que, logo no início do problema um especialista seja consultado.

O correto diagnóstico médico na fase inicial é fundamental para que se possa interromper controlar e até mesmo reverter o processo.

Atualmente, além da prescrição de medicamentos e suplementos nutricionais existem terapias coadjuvantes ao tratamento médico como a aplicação de laser de baixa freqüência e massagens com óleos essenciais como alecrim e melaleuca, entre outros.

A associação da acupuntura tem também em muitos casos trazido excelentes resultados. Sem falar de todas as técnicas e práticas que possam contribuir para a redução do nível de estresse tais como, exercícios de um modo geral, Yoga, meditação e técnicas de relaxamento.

No dia a dia, existem vários hábitos que podemos cultivar e que podem ser extremamente benéficos para a saúde de nossos cabelos, tais como: usar xampus e cremes adequados; evitar o uso excessivo das pranchas de alisamento, tiaras muito apertadas, bonés ou toucas que impeçam a oxigenação ou bloqueiem a circulação por períodos muito prolongados (principalmente se não cuidamos da higiene dos mesmos) e penteados que repuxem excessivamente os fios; evitar manter os cabelos úmidos por muito tempo, dormindo com eles molhados, ou desembaraçar os fios com pouco cuidado, principalmente quando bastante úmidos.

O mais importante, no entanto, é o cuidado e a preocupação com os diferentes processos aos quais submetemos os nossos cabelos em nome da beleza.

O uso de produtos nocivos, sem aprovação dos órgãos de fiscalização da saúde, a freqüência excessiva ou mesmo a combinação de vários procedimentos agressivos simultaneamente (por exemplo, descoloração seguida de alisamento), podem causar sérios processos alérgicos do couro cabeludo, além de danos irreparáveis aos fios.

Cuide de seus cabelos com o mesmo cuidado que você dedica à sua pele e outras áreas de seu corpo. Massageie o couro cabeludo, hidrate os fios, evite exposição prolongada ao sol sem proteção, cuide de sua alimentação, durma bem e busque maneiras de manter o seu estresse sob controle.

Preocupe-se com os cuidados e aparência de seus cabelos não apenas em nome da beleza, mas, principalmente por que eles são fortes indicadores de como anda a nossa saúde.

Por Helena Freire McDonnell
Tricologista
Espaço Kurma

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